terça-feira, 24 de janeiro de 2012

De Desfiles e Besteiras (crônica de Alma Welt)

Uma vez, quando guria de uns oito anos, pouco antes de mudarmos para a estância, no nosso sobradão em Novo Hamburgo, fui encerrada por castigo no sótão, por minha mãe. Para não me entediar tratei de explorar o conteúdo das arcas e baús que havia ali. Foi quando reconheci, entre as fotos antigas de meus pais e avós, ele o velho Joachim Welt, meu avô, quando moço, numa foto datada de 1939 desfilando pelas ruas de Blumenau (a legenda a lápis indicava) todos com uma braçadeira com uma cruz estranha e com o braço erguido com a palma da mão estendida para baixo. Quando, de noite, libertada daquele sótão com a chegada de meu pai, à mesa do jantar perguntei a ele, com a foto na mão, o quê era aquilo, quê desfile era aquele. A Mutti olhou-me com um olhar fulminante e cobriu o rosto com as mãos balançando a cabeça, em desalento. Meu pai ficou sério, olhando a foto, mas disse: "Alma, isto foi uma besteira do teu avô, quando moço. Os adultos também fazem besteiras, sabia? Depois do jantar falaremos disso. Vou te mostrar bastante coisas nuns livros... está bem, querida? (Alma Welt)

Nenhum comentário: