domingo, 15 de janeiro de 2012

As Palavras da Matilde (crônica de Alma Welt)

Supondo que o clima decadente desta estância povoada de memórias muito mais antigas que os meus avós, que nela plantaram o vinhedo, está me contaminando com sua melancolia e dissipação, cheguei a lamentá-lo diante da Matilde, minha eterna ex-babá, que me restou como única confidente, embora seja tão... digamos, "pé-na-terra". Mas sua reação me fez pensar, como outrora, fonte de equilíbrio que tantas vezes foi para o meu coração. "Que esperavas, Alma? Isso que tu chamas de "decadência da estância", existe sim, posso vê-la, mas emana de ti mesma, dessa tua solidão, desse teu orgulho que não te deixou ser mulher de um homem, ser uma esposa e mãe! Que te faz permanecer nesse sonho de escrever versos, como se isso desse camisa a alguém! Isso está te matando, guria, não vês?"
Eu a ouço e, de repente deixo escapar um soluço imenso, corro para o quarto e... escrevo isto! Sim, isto que escrevo agora! Estou irremediavelmente perdida! (Alma Welt)

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