segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Natureza humanizada - (mini-crônica de Alma Welt)

"Esta noite sonhei com a Natureza estranhamente humanizada. No mar da ignorância despontavam aqui e ali algumas ilhas de conhecimento. Nelas, alguns vulcões de sabedoria repousavam silenciosos. Mas o problema eram os vulcões ativos da arrogância e da prepotência. Então o sonho virou pesadelo e... acordei." (Alma Welt)

O Horizonte Vermelho - mini-crônica de Alma Welt

"Quando eu era guria, ainda em Novo Hamburgo, antes de nos mudarmos para o Pampa, para a estância, nosso quintal terminava num alto muro, que era todo o meu horizonte. Para além do muro, eu e Rodo, pequenos aventureiros, acabamos por descobrir que era o quintal de uma casa suspeita, de luz vermelha. Contei isso num pequeno conto. Mas o que quero agora lembrar é como o meu primeiro poente vermelho num horizonte distante, sem fim, mudou minha alma, como que descomprimindo-a, alargando-a. A alma... é como a água que toma a forma do vasilhame que a contém. Devo, pois, reconhecer que a Poesia já estava em mim, no meu limitado jardim que acabava no muro..." (Alma Welt)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Passagem de ano na estância (mini-crônica de Alma Welt)

"Na estância, nunca soltamos fogos na passagem de ano. Respeitamos nossos cães e os animais em geral. Ficávamos no jardim, olhando as estrelas que são os verdadeiros fogos silenciosos de Deus. Então, à meia noite em ponto o Vati (papai) punha no toca-disco, em alto volume, o coral da Ode à Alegria da Nona Sinfonia de Beethoven. Então nos abraçávamos e fazíamos um brinde com taças de champanhe. Terminada nossa cerimônia familiar bem germânica, começávamos a ouvir as gaitas dos gaúchos no seu fandango no galpão e todos corríamos para lá, encantados, para ouvir e ver os chamamés e as chulas, o desafio gaúcho. Meu coração dividido não sabia o que mais amar..." (Alma Welt)