terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Borboleta e a Caveira (crônica de Alma Welt)

Quando eu era guria pequena, meu pai me levou a um velório de um velho peão aqui da estância, e ao ver aquele corpo parado em cima da mesa, todo ataviado, de bombachas e esporas, eu perguntei ao meu pai: "Vati, ele não vai se mexer mais?". Então, Lucia, minha irmã, se adiantou e disse: Não, Alma, ele vai virar uma borboleta..." Nesse momento, Rodo, meu irmãozinho muito esperto, interferiu dizendo:- "Não, suas bobas. Ele vai virar uma caveira."- e arreganhou os dentinhos num sorrizinho grotesco. Calei-me então, e permaneci pensativa entre estas duas imagens, a encantada e a perturbadora... Assim estou até hoje. Quanto ao meu Vati, às vezes me pergunto por quê ele se calou, e o quê teria respondido. Ele, que parecia saber tudo... (Alma Welt)

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