sábado, 17 de setembro de 2016

A hospedeira mineira (crônica de Alma Welt)

Minha hospedeira mineira me falou assim no café da manhã: "'De madrugada, acordei sem sabê porquê, tive uma insônha, o galo cantava, o cachorro latiu, levantei fui até a cozinha. Tinha umas brasa no fogão, acendi um pito, tinha um poco de café frio no bule dei uma requentada, botei na caneca e fiquei ali na porta aberta da cozinha olhando o terreiro escuro, nevoado, fiquei ali assuntando, assuntando, a névoa foi baixando, as estrelas aparecero e umas nuvens; sapos cantando, grilos cricrilando, as galinhas ciscando... Vai chuver, não vai chuver...Tava loca procê acordar pr'eu falar dotros assunto!... (Alma Welt)

Egotista Sublime (crônica de Alma Welt)

"Escrever é a suprema afirmação do eu... do ego, se quiserem. Por isso quase todo mundo escreve, inclusive alguns analfabetos. Entretanto, paradoxalmente, os melhores livros são os que escondem o ego do autor e dão vida a personagens totalmente diferentes dele mesmo. Sou insuspeita para dizer isso pois sou uma escritora confessional, sempre na primeira pessoa, falando sempre de mim. O que me justifica? Descobri com o famoso crítico inglês Herbert Reed (já falecido) que pertenço a um tipo de poeta classificado por ele como " o egotista sublime" , isto é, parto de mim mesma para atingir uma universalidade. "Fale com profundidade e graça de sua aldeia e conquistarás o mundo inteiro". Fale de si com absoluta sinceridade e desnudamento, e atingirás o universal..." (entrevista com Alma Welt)