sábado, 31 de dezembro de 2011

A Viajante do Tempo (de Alma Welt)

"Quando eu era guria, ainda pequena, meu pai me levava a todas as partidas e chegadas na nossa estaçãozinha pampiana, no que dizia respeito aos de nossa família, amigos ou hóspedes do casarão. A locomotiva a vapor e o comboio eram para mim um deslumbramento, pura magia, mais relacionada com o Tempo do que com o espaço. As pessoas sumiam e voltavam naquela máquina mágica envolta em vapor como uma névoa, em meio a silvos e apitos, e que certamente as levava para um outro mundo (uma outra dimensão, eu diria hoje). Meu pai, com isso, queria que eu me preparasse de algum modo para ser uma viajante, uma cidadã do mundo, e me projetava em sua imaginação nas estações ferroviárias da Europa, que ele conhecia tão bem. Cresci, viajei, afinal... Mas minha sensibilidade e coração permaneceram viajantes do Tempo, portanto da imaginação que me levava a todos os mundos, a todas as partidas com suas dores e saudades, a todas as chegadas com sua alegria e emoções do reencontro. Creio que foi a estaçãozinha que me ensinou a amar o mundo, para além do grande ninho familiar, do casarão..." (Alma Welt)

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