domingo, 4 de dezembro de 2011

Penélope do Pano Verde (Alma Welt)

Uma vez, ainda bem jovem, meu irmão Rodo chegou de viagem pela primeira vez dirigindo um carro esporte, um Porsche. Nós em casa já conhecíamos sua habilidade com as cartas, mas aquilo nos preocupou. Toda a sua futura vida de aventuras perigosas, de riscos inimagináveis e de lances duvidosos se descortinou aos olhos de nossa família. Afinal, como conseguira ele um carro caro como aquele? Ele nos disse simplesmente que o ganhara no jogo de poquer, honestamente. Depois, com o ouvido colado na porta da biblioteca pude ouvir meu pai dizendo a ele que aquilo não era ganhar a vida honestamente, que aquele carro fora praticamente roubado. Mas era tarde demais... Rodo andaria pelo mundo como um cometa, elegante, cosmopolita, cada vez mais frio e silencioso, mas tão belo que eu o reconheceria sempre como o príncipe menino do meu coração infantil. Eu passaria a vida esperando por ele, como uma Penélope do pano verde, eternamente fiando e desfiando a minha teia de sonetos... essa seria a essência verdadeira do meu amor, da minha vida de mulher... de poeta..." (Alma Welt)

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