terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Uma outra vida (Alma Welt)

O espetáculo do poente visto daqui da minha varanda, que sempre me foi abismal, aqora me deixa mais triste do que nunca e saudosa de tudo. Choro pela beleza de tudo, enfraqueço-me e não sou capaz de gerir esta estância, nem sequer esta casa cada vez mais vazia, e tão cheia de memórias e espectros...

Matilde, às vezes vem se sentar ao meu lado na varanda, suspira e me censura: "Alma parecemos duas velhas, no fim da vida... Mas tu, jovem de corpo, como te deixaste envelhecer assim, no coração? Bah! Quanto insisti que te casasses e tivesses filhos! Eles estariam brincando nessa relva aí em frente e ouvíriamos seus risos e gritinhos! Mas agora, vê: ouve esse silêncio a que nos condenaste, guria má! Brinca! Brinca agora com teus versos! "

Então choro, abraço minha bá e choro... pela beleza de tudo, pela beleza deste momento. Pela beleza dolorosa de minha solidão de poeta... E pela outra vida, a que não tive... e que seria tão linda... (Alma Welt)

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