quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Silêncios com Galdério (de Alma Welt)

"Meu fiel Galdério todos os dias se aproxima da varanda onde estou sempre escrevendo sentada na cadeira de balanço de minha avó Frida, e me pergunta se deve preparar a charrete para o passeio pela estância, como outrora, desde guria. Agora faço isso raramente, pois não quero mais chorar perto deste amigo fiel, e a visão do cenário tão querido das sendas da minha infância com Rodo, nossas correrias e pequenas conspirações... estão por aí em toda parte. Eu respondo: "Galdo, solta a Miranda no pasto, a pobre... E tu, senta-te aquí no primeiro degrau e conta-me de tua infância com Matilde". Ele sorri tristemente, cofia os bigodes e diz: "Ah! Princesa... deixa quieta a infância, a tua e a nossa... elas agora moram nos sonhos da noite... Para quê remexer nesse baú, assim, de dia?" E ficamos os dois em silêncio, muito tempo, ouvindo os pássaros, os latidos dos cães e às vezes uma gargalhada ao longe seguida de uma bravata de peão. E vejo que está tudo certo, o Tempo é impassível e... passa." (Alma Welt)

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