quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DESTINO (crônica de Alma Welt)

Matilde, minha fiel bá, já há duas décadas nossa cozinheira, é uma mistura de conselheira, bobo e corifeu desta nossa pequena tragédia familiar. Morreram já a Açoriana (minha Mutti), o Vati (meu pai), Solange, minha irmã mais velha e, Alberto, seu marido bêbado, meu querido e fiel cunhado. Rodo (Rudolf) meu amado irmão jogador de poquer anda pelos cassinos do mundo e quasi não pára por aqui. Na solidão desta estância e seu vinhedo decadente, só amainada pela presença de Matilde e do fiel Galdério, seu irmão e nosso "factotum", eu me consumo em meus pensamentos, crônicas e sonetos e me esforço para não enlouquecer, já que converso com espectros e vago nas noites como uma sonâmbula pelo jardim e pela coxilha em torno do casarão. Somente a Internet prorroga minha lucidez paradoxalmente dando-me a ilusão da comunicação, de ser compreendida e até mesmo de ser amada. Escolhi o meu destino? Tudo é encadeamento de circunstâncias, não cuspirei no prato do meu talento mesmo que ele me leve à solidão e à morte. Tudo é Destino...

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