quinta-feira, 11 de junho de 2015

O tamanho do mundo (crônica de Alma Welt)

"Uma vez, quando ainda era uma guriazinha fugi de casa, de manhã, para "conhecer o mundo". Atravessei o portão do jardim, depois a porteira e fui andando pela estrada da coxilha. Andei e andei, tanto que fiquei exausta e com fome. Sentei na beira da estrada e chorei de decepção do mundo e vergonha de mim mesma. Até que chegou o Galdério, de charrete, e me tirou daquela enrascada, dizendo com naturalidade: "Alma, vim só lembrar-te que está na hora do almoço. Vou voltar já. Queres uma carona?"
Meu fiel charreteiro era realmente sutil..." (Alma Welt)
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O tamanho do mundo (de Alma Welt)
Guria andei sozinha numa estrada
Aqui mesmo na estância, para ver
Aonde ela ia dar, e desastrada
Não cogitei da confusão que ia fazer.
Andei por uma hora e não acabava,
E já passava da hora de almoçar.
Pensei: mais uma hora pra voltar...
E sentando à margem mais chorava.
Então vi o Galdério na charrete
Que a mando do meu pai me procurava
E conhecia muito bem esta pivete
E levantando e enxugando o ranho
Eu disse: "Ah! Galdério, eu não contava
Com que o mundo tivesse esse tamanho..."

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