sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Pensando a vida (Crônica de Alma Welt)

"Penso muito na vida e no mundo de uma maneira geral, não pessoal, isto é, com um distanciamento senão crítico, de espectadora. Me parece sempre que estou do lado de fora, e que a minha vida mesma pertence a uma outra esfera, mais monótona, bucólica e de uma solidão romântica às vezes dolorosa. Não sei porque sou assim, pois, afinal, tendo duas irmã mais pragmáticas e um irmão ousado e aventureiro, não deveria me sentir assim, fora do mundo verdadeiro, como se vivesse num sonho plausível, ligeiramente melancólico. Rodo, meu irmão, muitas vezes me arrastou para aventuras, na nossa infância, em que eu não me entregava totalmente, talvez por causa da minha admiração por ele, por seu entusiasmo e simplicidade. Minha natureza de poeta e escritora sempre foi contemplativa, e me impede de me integrar com o ambiente humano ao meu redor. Serei uma romântica como George Sand como escritora? Estarei vendo este Pampa e estes peões que me circundam, "os gáltchos" e gaudérios, de maneira idealista, ou mesmo folclórica? Não sei... O mundo vai julgar. Sei que sou sincera e derramo as palavras como elas me vêm, embora cultivadas e não rudes como esses simpáticos machões que me circundam, com suas falas altas e sonoras, com sua bombachas, bigodes e chimarrões. E até com seus sinistros punhais adormecidos nas faixas que envolvem suas cinturas..." (Alma Welt)

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