sexta-feira, 2 de março de 2012

Vida em versos (mini-crônica de Alma Welt)

Quando estou triste, na estância, minha boa Matilde aproveita para me censurar: "Báh, guria! Aí está em que te meteste! Ficaste solita, não tens marido nem filhos! Que querias?" E eu suspiro e respondo: "Má, não me queixo disso! Não é marido que me falta, nem filhos... É que penso muito na morte e tenho uma pena imensa de deixar este Pampa, e até você, minha bá... " E ela retruca: "Besteira, guria, não me enganas! Se tivesses filhos já terias tua continuação, nem pensarias nisso e pararias com esses versos, que isso, sim, te mata aos poucos!"
Eu me calo e medito sobre suas palavras e no que elas contêm de verdade. Sim, os versos estão me matando à medida que mais vida lhes dou. Já não sou senão a minha poesia, não mais existo sem ela. Na verdade já posso morrer... (Alma Welt)

Nenhum comentário: