terça-feira, 11 de outubro de 2011

Reverenciando os deuses (de Alma Welt)

‎"O jovem padre entrou e foi recebido respeitosamente por meu pai. Eu, guria de dezesseis anos os observava pela fresta da porta, admirada e um tanto excitada, tanto mais que conhecia o agnosticismo do velho, que fizera a experiência de me criar desde pequena como uma pagã para não ser contaminada pela idéia de "pecado", que ele abominava nas religiões em geral. O padre vinha insistir, embora cuidadosamente, que eu fosse finalmente batizada, a pedido de minha mãe, a Açoriana, gravemente doente. Então ouvi meu pai responder: "Padre, isso é uma questão de "foro íntimo". Somente a menina poderá decidir se consente ou não nesse ritual. Mas sinceramente duvido que ela consinta, pois já tem seus próprios e belos rituais naturistas, que ela leva muito a sério".
O padre disfarçou a custo a sua indignação, e apenas pediu que me chamasse à sala. Eu apareci imediatamente, e logo dizendo: "Seu Padre, que bom que o senhor está aqui... gostaria de levá-lo agora mesmo ao nosso pomar onde queimarei as ervas votivas aos deuses, que hoje a lua está propícia e a aragem suave. O senhor vem, padre? Devemos reverenciar os nossos deuses, não é verdade?" (Alma Welt)

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