sábado, 20 de agosto de 2011

O peão e o cacho do meu cabelo (crônica de Alma Welt)

Quando eu era guria nova, na estância, sendo muito curiosa escapava à vigilância da Mutti e saía a andar pela coxilha. Assim, uma tarde entrei pela primeira vez no bosque e me perdi. Um jovem peão que me seguia de longe, montado, encontrou-me e se prestou a levar-me para casa em sua sela. Antes de chegar ao casarão ele me pediu um cacho dos meus cabelos ruivos. Eu concordei e ele cortou com sua faca um cacho que levou às narinas, sorvendo profundamente o perfume que eu não sabia que tinha. Naquela noite minha mãe notou a falta daquela ponta em meu cabelo, e me inquiriu. Eu inocentemente contei à minha mãe o episódio. Nunca mais tornei a avistar aquele peão. Algum tempo depois eu soube que, a mando de minha mãe, sua casinha fora invadida pelo Galdério que recuperou o cacho, açoitou o rapaz e o expulsou da estância. Chorei ao saber disso e Matilde me disse: "Esses cachos rubros ainda farão muito mal a los hombres, Deus te perdoe, minha niña..."

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