sábado, 19 de outubro de 2013

Uma Teoria Biológica da Guerra (crônica de Alma Welt)

 
"Lembro-me que meu pai, médico, cientista, costumava comparar a humanidade, ou a sociedade humana e suas guerras, com as placas de cultivo de bactérias em laboratório e o comportamento delas ao produzir antibióticos uma contra a outra, quando duas culturas de espécies diferentes eram colocadas confluentes na mesma placa. Tratava-se, dizia ele, de disputa por "espaço vital". Ele queria dizer que a guerra era um processo natural de equilíbrio demográfico entre as espécies na natureza. Me lembro também que tais exemplos me impressionavam e convenciam, mas me deixavam perturbada. Esses dados reais, científicos, reduziam nossa humanidade à nossa natureza biológica e faltava, por exemplo, o mistério sublime de um Bach, de um Beethoven, de um Mozart, de um Chopin, ou do violino virtuose de um Yehudi Menouhim ou um Sacha Heifetz, do piano de um Arthur Rubinstein, que ele punha no toca-discos. Demorei para harmonizar dentro de mim estes dois conceitos, o da animalidade e o da espiritualidade, que na verdade, juntos constituem o mistério da natureza humana. Mas, com o tempo, percebi que a arte nasce justamente dessa aceitação, de uma imensa e universal aceitação, e raramente de uma indignação moral..." (Alma Welt)

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